quinta-feira, setembro 27, 2012

LANTERNA NA MÃO



Um senhor, nascido e criado em Santanense, sempre se encontra comigo para um “bate-papo”.  Conhecemo-nos desde crianças. Sempre gostamos de recordar coisas pitorescas de nossa terra. Seu pai, homem bravo e autoritário, criou os filhos num tal respeito e obediência que não mandava duas vezes.

Em certa ocasião, ainda menino, com seus doze anos, tinha que sair a qualquer hora da noite para buscar parteira para sua mãe, a qual todos os anos, fazia repetir o acontecimento. A parteira morava na Fazendinha, a meia légua de distância. Não havia luz elétrica; tudo escuridão completa.

Em uma dessas noites lá foi ele, lanterna na mão, sozinho, muito medo, buscar a tal parteira. Ela se pôs à sua frente, com aquelas saias de três panos; começou a chover uma chuva bem fininha e ela suspendeu as saias pra agasalhar a cabeça. Com a pressa de chegar, nem notou que havia coberto a cabeça, mas descoberto as nádegas.

O menino vinha atrás com a lanterna, iluminando onde não devia iluminar. A vontade de rir era demais, mas não se podia desrespeitar. Chegando em casa, entrou para seu quarto e desatou aquela risada contida no espaço de meia légua. Seu pai incomodado perguntou-lhe se estava doido.

  Respondeu:  “ Estou alegre, porque vou ganhar mais um irmão. ”






Referência:
Texto:  SOUZA. Iracema Fernandes De. Itaúna Através dos Tempos, pg. 99, 1984.
Organização: Charles Aquino




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