sábado, dezembro 20, 2014

CAPIXABA ITAUNENSE

CORONEL MARCONDES ALVES DE SOUZA


Este ilustre itaunense nascera em 1870, nos tempos de Santana. De inteligência viva, atirado e de espírito bandeirante, aos 16 anos deixou a sua terra natal, internando-se pelo vale do rio Doce, indo radicar-se em Cachoeiro do Itapemirim, no estado do Espírito Santo. Aos 23 anos, fora eleito presidente do diretório político daquele próspero município Capixaba, mantendo-se no cargo com grande tino até 1912. Em 1905, eleito vereador municipal. Em 1907, nomeado suplente de Juiz de Direito da Comarca. Em 1909, presidente da Câmara Municipal. E pouco depois, vice-presidente do Estado.


Em 1912, foi eleito presidente do Estado, numa fase difícil de sua política, como nos informa o historiador João Dornas Filho em sua monografia sobre Itaúna, tendo uma aguerrida oposição chefiada pelo senador Muniz Freire. O que foi a sua atuação nesse elevado cargo, atesta o gesto dos próprios oposicionistas que, nem belo exemplo de patriotismo, fizeram causa comum com a política do seu presidente, que era a do progresso do Espírito Santo. Na qualidade de presidente eleito, o Cel. Marcondes Alves de Souza, num gesto de cavalheirismo e de amor a sua terra e a sua família, visitou Itaúna em 1912, sendo recebido solenemente.


Das inúmeras homenagens que lhe foram prestadas pelos itaunenses, constou a da representação, no Teatro Municipal, da revista denominada "A visita do Presidente", de autoria do dr. Mário Matos, então primeiranista de direito, e de seu tio Silvio de Matos, representada com grande sucesso pelos autores e por Aquilino Gomide, Péricles Gomide, Tácito Nogueira, Artur de Matos, Rossini de Matos, Adélia Gomide, Celisa Gomide, Aristides Nogueira Machado, Serjobes Augusto de faria, Ivolino de Matos, Jovelina Carvalho, Olga Matos e Josias Nogueira Filho.¹


MARCONDES ALVES DE SOUSA

15º GOVERNADOR DO ESPÍRITO SANTO

PERÍODO DE GOVERNO: 23 DE MAIO DE 1912 - 23 DE MAIO DE 1916

NASCIMENTO: 12 DE SETEMBRO DE 1870, ITAÚNA

MORTE: 29 DE ABRIL DE 1938, BELO HORIZONTE

NACIONALIDADE: BRASILEIRA

PROFISSÃO: MILITAR

 


 

[1]  Revista Acaiaca: Cel. Marcondes Alves de Souza. p. 196. Ano: 1952. Digitado conforme original.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

quarta-feira, dezembro 17, 2014

CAMAREIRO SECRETO


MONSENHOR HILTON GONÇALVES DE SOUSA
Camareiro Secreto Extranumerário da Santa Sé

Por ato recente da Santa Sé, acaba de ser elevado à categoria de Camareiro Secreto Extranumerário o Exmo. e Revmo. Monsenhor Hilton Gonçalves de Sousa. Esse sacerdote nasceu em Itaúna, aos 31 de dezembro de 1912, cursou o Seminário de Belo Horizonte e ordenou-se em sua terra natal em 1º de novembro de 1941.
Conferiu-lhe o Presbiterado o Exmo. e Revmo. Dom Antônio dos Santos Cabral. Exerceu diversos cargos relevantes na Arquidiocese de Belo Horizonte, entre os quais o de Reitor do Seminário de Belo Horizonte. Trabalhou intensamente para a organização da diocese de Divinópolis e, atualmente desempenha as funções de Vigário Geral do Bispado de D. Cristiano de Araújo Pena.

Jornal O Diário, 21 de novembro 1959

segunda-feira, novembro 10, 2014

Guardiões do Meio Ambiente


A preservação e interesse pelo meio ambiente não são cuidados recente, o Imperador do Brasil D. Pedro I decretava com a Carta de Lei de 15 de outubro de 1827 a criação em cada uma das freguesias e capelas, um Juiz de Paz e suplente que já estipulava no Artigo 5º:

§12 Vigiar sobre a conservação das matas e florestas públicas, onde as houver, e obstar nas particulares o corte de madeiras reservadas por Lei.

§14 Procurar a composição de todas as contendas e dúvidas que se suscitarem entre moradores do seu distrito, acerca de caminhos particulares, atravessadouros e passagens de rios e ribeiros, acerca do uso das águas empregadas na agricultura ou mineração; dos pastos, pescas e caçadas; dos limites, tapagens e cercados das fazendas e campos; e acerca finalmente dos danos feitos por escravos, familiares, ou animais domésticos.


Entre os períodos de 1892 a 1903 com a função de descentralizar o poder político, outorgando autonomia aos lugarejos através de minicâmaras constituídas de conselheiros que deliberavam sobre os problemas de suas comunidades, foi criado o Conselho Distrital que era uma instituição política em Minas Gerais. O Conselho também era responsável pela limpeza e conservação de água potável, fazendo o esgotamento e o escoamento das águas paradas em terrenos do distrito e de particulares.

Em Sant'Anna de São João Acima, em 1892 era criado o Conselho Distrital para a proteção do Meio Ambiente com suas proibições seguida de multa com os seguintes casos:
Entulhar as ruas, becos e praças com materiais, executando-se os para construção;
Lançar animais mortos ou moribundos nos mesmos lugares;
Fincar estacas, esteios que excedessem de um metro do alinhamento das casas;
Lavar roupas e barrigadas de animais nos chafarizes públicos ou em lugares acima deles, ofendendo a pureza da água;
Criar ou cevar porcos em chiqueiro e cercadão de madeiras, que estivessem no alinhamento das frentes de serventia pública;
Os moradores das casas eram obrigados a extrair ervas e formigueiros de seus domicílios, já em lugares públicos o mesmo eram extraídos à custa do cofre distrital.  Era proibido deixar animais soltos em praças ou ruas, que pudessem vir a agredir pessoas que estivessem transitando no local. Após as dez da noite era proibido correr a galope com animais nas ruas, dançar com algazarra ou qualquer outro tipo de barulho que viesse perturbar a ordem do local; nos muros caiados era proibido riscar ou sujar; era proibido danificar as grades de amparo às plantas; cortar árvores de aformoseamento das ruas, largos, praças e logradouros públicos; matar rês magra ou doente sem que o fiscal examinasse; proibido a construções de valos nos perímetros da sede do distrito e zelar pela limpeza e manutenção dos mesmos.
No ano de 1864 o empresário Tenente Coronel Manoel José de Souza Moreira exercia o cargo de 1º Juiz de Paz na freguesia de Sant'Anna do Rio de São João Acima, hoje Itauna, e zelava pela execução destes preceitos legais de cuidados ao meio ambiente.



Juiz de Paz
1º Manoel José de Souza Moreira
2º Justino José Machado
3º Vicente Gonçalves de Souza
 Zacharias Ribeiro de Camargos

Subdelegado
Vago

Primeiro Suplente
1º Francisco Alves da Costa

Inspetor Paroquial
Rev º João Batista de Miranda

Professor de primeiras letras
Lourenço Justiniano Ribeiro

Vigário Colado
João Batista de Miranda

Negociantes
Custódia Maria da Silva
Daniel José Soares
Francisco da Costa Borges
Francisco Gomes Barboza
Francisco Gonçalves de Souza
Francisco Lopes Cançado
Jerônimo José dos Santos
João Antônio da Fonseca
João Lucas Dias Azêdo
João Paulo de Camargos
Joaquim Fernandes de Souza
José Joaquim da Silva
Justino José Machado
Manoel André de Siqueira
Manoel Caetano Alves
Manoel José de Souza Moreira
Maria Felizarda
Rufino Rodrigues Rabelo
Vicente Gonçalves de Souza
Zacharias Ribeiro de Camargos

Fazendeiros que cultivam cana
Felizardo Gonçalves Cançado
Francisco Nunes da Costa
João Francisco da Silva
José Bernardes de Carvalho
Dona Luiza Maria de Jesus
Manoel Gonçalves Cançado
Manoel Lopes da Silva
Salviano José da Silva
Dona Umbelina Nogueira Duarte



Pesquisa: Charles Galvão Aquino - Graduando em História - Fundação Educacional Divinópolis - FUNEDI/UEMG

Referências:
Câmara dos Deputados. Legislação Informatizada: Lei de 15 de Outubro de 1827. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38396-15-outubro-1827-566688-publicacaooriginal-90219-pl.html >. Acesso em: 11 nov. 2014.
Hemeroteca Digital Brasileira. Almanak Administrativo, Civil e Industrial - 1864 a 1874: Freguezia e Districto de Santo Anna Do Rio de S. João Acima, p.303. Disponível em http://hemerotecadigital.bn.br/acervo-digital/almanak-administrativo-civil-industrial/393428 > Acesso em: 11 nov.2014.
CARVALHO, David de. A revitalização de um rio. Itaúna: Vile, 2001.

sexta-feira, outubro 24, 2014

TREM DA ALEGRIA

(Praça da Estação)

    Mário Soares Nogueira

 Fundada em 29 de abril de 1961, para, entre outras finalidades, promover o congraçamento de todos os itaunenses e reverenciar a memória de conterrâneos ilustres, a Sociedade dos Amigos de Itaúna, sediada em Belo Horizonte, programou romaria ao torrão natal, no maravilhoso "Trem da Alegria".

     À noite, no adro da matriz, onde se armou uma espécie de anfiteatro, com uma grande mesa ao centro, em solenidade belíssima, deu-se início às homenagens comemorativas do centenário de nascimento do ilustre filho, dr. Augusto Gonçalves de Souza. Tomaram assento à mesa as autoridades e os membros da família do homenageado, inclusive a sua única irmã viva, a adorável Donana, viúva do industrial João de Cerqueira Lima.

E nas cadeiras em torno, os caravaneiros. Falou o vice-prefeito, dr. Heli Gonçalves de Souza, em nome da municipalidade e do povo de Itaúna. Dr. José Luis Gonçalves Guimarães agradeceu em nome da família do homenageado.  Por fim, entre outros oradores, o desembargador Mário Matos descreveu a seu modo o tio Augusto como ainda o enxergava na mocidade, um sujeito extraordinário de bem, ótimo clínico, especialista em curar "dor atravessada".

     Em seguida, inaugurou-se na praça um artístico monumento em memória do homenageado. Dali, descemos para os salões do Automóvel Clube, para a festa de lançamento da coletânea "Itaúna - Humana e Pitoresca". Dr. Guaraci de castro Nogueira fez a apresentação magnífica. E o professor Luis Gonzaga da Fonseca, em seu nome no de seus companheiros escritores e no do editor Bernardo Álvares, agradeceu em belo improviso. Seguiu-se o atropelo dos autógrafos. Depois, em todos os clubes, houve baile animado até o raiar da madrugada.

     No dia seguinte, dia 30, após a missa matinal, visita coletiva ao cemitério. Ao meio dia foram à barragem do Benfica, onde à beira do grande lago de água "azulíssimas", criado pela força de vontade dos dirigentes das fábricas de tecidos itaunense e Santanense, foi servido suculento churrasco, com outras comedeiras e bebidas, supervisionado, pelo dr. Lauro Antunes de Morais.

Ali, ao som da orquestra do João Bigode e da banda de música dos alunos do seminário, a turma em brasa entrou no carnaval, e cantou e dançou e cirandou e saracoteou  e rodou e pulou e gritou até às quatro da tarde, rumando então em caminhões automóveis e  ônibus para a estação, onde às cinco e meia, em carros ligados aos expresso, retornou à capital, satisfeita da vida.  Em testemunho da verdade, os filmes tirados pelo Dr. Oromar estão aí para dirimir qualquer dúvida.

     Que a nova romaria ora programada tenha o mesmo sucesso, são os meus e os votos da Sociedade dos Amigos de Itaúna.





segunda-feira, julho 21, 2014

TREM-HOSPITAL


NA FRENTE MINEIRA
Na Revolução de 30, no estado de Minas Gerais na cidade de Belo Horizonte, foi montado um "Trem-Hospital" de Primeiros Socorros que ajudaram a socorrer os combatentes feridos. 

A organização do trem-hospital que prestará socorro ás tropas. Do serviço de Publicidade da Secretaria do Interior de Belo Horizonte recebemos o seguinte comunicado: "Encontra-se definitivamente organizado o "Trem-Hospital" que se destina a prestar socorros medico-cirúrgicos ás tropas mineiras em combate. A execução do plano coube ao Hospital Militar da Força Pública, por determinação do dr. Gustavo Capanema, secretário do Interior.

 O trem-ambulância, que se acha encostado numa das plataformas da Oeste de Minas, foi hoje visitado pela nossa reportagem, que obteve informações completas sobre o aparelhamento e distribuição do comboio-hospital, que se acha provido de todos os recursos necessários para prestar socorros ás forças em operações. A iniciativa de ser colocar o hospital numa composição da Estrada de Ferro Oeste de Minas atende plenamente aos objetivos visado, por isso que o trem pode trafegar livremente na linha desta estrada, estando, portanto, assegurado o seu deslocamento para as zonas de localização de nossas linhas de frente.


FINALIDADES DO "TREM HOSPITAL"
 De acordo com o esboço de regulamento apresentado aos srs. Secretários do Interior e coronel chefe de E.M. das forças em operações, são as seguintes as finalidades do "TREM-HOSPITAL": prestar socorro de urgência aos feridos mais graves que possam ser atendidos na linha de frente; operar todos os casos que exijam intervenção imediata; transportar para os hospitais fixos os feridos, operados ou não, que devam ser hospitalizados e fornecer aos diversos postos fiscais avançados todo o material de que os mesmos necessitem.

COMO SE DISTRIBUI O PESSOAL
 Quanto ao pessoal contratado para o serviço, o "TREM-HOSPITAL" conta com a colaboração de dois cirurgiões, dois médicos internistas e três internos, doutorandos em medicina, cirurgião dentista, um farmacêutico, que é também radiologista, tenente-intendente, prático de farmácia, enfermeiro-chefe, ajudante e copeiro.

OS CARROS E SUAS INSTALAÇÕES

Sete são os carros que formam a composição do "Trem Hospital". No primeiro, próprio para transporte de enfermos em estado grave, além de camas, existe um moderníssimo aparelho de Raio X portátil. Num cômodo desse carro, que é pintado a laquê, há ainda a câmara escura para revelações. Os dois carros seguintes, cedidos pelo dr. diretor da Saúde Pública, foram destinados, um, a sala de operações, munida de material cirúrgico de primeira ordem, e o outro ao serviço de clinica medica, curativos ligeiros e secretaria. Anexo à sala de operações foi instalado o serviço odontológico.

 Além desses carros, há mais o seguinte: carro dormitório, onde se adaptou a enfermaria e o ocupado pela farmácia, onde verificamos a existência de grande stock de drogas, avaliado em 45 contos. Os medicamentos estão acondicionados em 23 malas de campanha, numeradas e providas de um índice, afim de simplificar a procura do remédio desejado. Da mesma composição faz parte uma prancha destinada a condução de uma ambulância-automóvel, posta à disposição do governo mineiro pelo dr. Antônio de Lima Coutinho de Itaúna.


Fonte: Jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro 29 de Julho 1932 pág. 03
Acervo: Prof. Marco Elísio
Pesquisa: Charles Aquino 

sábado, maio 17, 2014

PADRE JOSÉ NETO

PADRE JOSÉ FERREIRA NETTO

  Grande figura humana, Modelar Discípulo de Jesus, Pastor dedicado e zeloso de seu rebanho. Educador e formador de gente. Uma vida dedicada aos humildes, principalmente aos carentes e órfãos.

  Nasceu no pequeno lugarejo, freguesia do Sagrado Coração do Coco (São Caetano de Moeda), em 19 de junho de 1910. Mário Delfino Moreira, nascido na Moeda e Antônia Ferreira são seus pais. Avós paternos, José Ferreira, português, e Leonor Vieira Braga, do Coco. Avós maternos, Francisco Machado Netto e Maria Ferreira Marques, de São José do Paraopeba. Encaminhado para a vida sacerdotal pelo grande arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta . Seminarista no Seminário do Coração Eucarístico de Belo Horizonte, com apoio de Dom Antônio dos Santos Cabral, com bolsa que lhe deram as irmãs do Colégio Coração de Jesus, de Belo Horizonte. O Bispo e arcebispo Dom Cabral lhe devotava grande amizade e afeto, acompanhou sua passagem pelo seminário e lhe deu a tonsura, as ordens menores, o subdiaconato, o diaconato e o presbiterado. Ordenou-se no mesmo dia com Dom Cristiano Portela de Araújo Pena, Padre Sinfrônio Torres e Padre Guilherme Kriger.

Antes de vir para Itaúna, foi cooperador do Monsenhor Guedes na Lagoinha (1938/39), depois, sucessivamente, vigário de Piedade do Paraopeba (1939/43) e de Itaúna (1943/85). Nestes períodos, foi encarregado de várias outras paróquias: São José do Paraopeba (1939/43), Moeda (1941/43), Itatiaiuçu (1943/46), Santanense (1943) e Padre Eustáquio (1960). Seu colega de ordenação, Dom Cristiano, primeiro bispo de Divinópolis, concedeu-lhe o título honorífico de cônego, por autorização do Papa Paulo VI (1966).

Em nossa cidade, criou novas paróquias: Coração de Jesus de Santanense (1953), Nossa Senhora de Fátima do Padre Eustáquio (1960), Nossa Senhora das Graças, na Ponte (hoje Graças) e Nossa Senhora da Piedade do Serrado (hoje Piedade), em 1970. A zona rural foi enriquecida com novas capelas: Córrego do Soldado, Garcias (depois paróquia). Cachoeirinha, Vista Alegre (nome dado por ele ao Pasto das Éguas), Carneiros, Paulas e Santo Antônio da Barragem (construída pela Itaunense, com participação da comunidade).

Presença decisiva na criação da Granja Escola São José, realizando um sonho de quando seminarista frequentava o Instituto João Pinheiro em Belo Horizonte, um centro de amparo a órfãos, carentes e meninos com desvio de conduta. Co-fundador do Colégio Santana, que passou pelas mãos do Padre José Nobre, do professor Raimundo Corrêa de Moura e do professor José Coutinho (com a colaboração de sua esposa Dª Vani e do saudoso professor Geraldo dos Santos), no casarão dos Cerqueira Lima na Rua Silva Jardim.

Construída a nova sede do Colégio pela Santa Casa, fruto do testamento do maior benemérito de Itaúna no século XX, Manoel Gonçalves de Sousa Moreira (através da Sociedade Anônima com o nome do benemérito instituidor da Fundação), Padre Netto foi o responsável pela vinda dos padres americanos, frei Ambrósio e Cipriano, franciscanos conventuais e, finalmente pelos padres espiritanos ( Adriano, Pedro Schoonnaker, Cauper, Luiz e outros), os quais se tornavam vigários, ficando o colégio nas mais deste notável educador que é o Padre José "das crianças", que transformou em educandário orgulho da comunidade, sala de visitas de Itaúna. 

Exerceu grande influência na instalação do Orfanato São Vicente de Paula, obra meritória de Dona Cota. Vigário de Itaúna ao longo de quase 42 anos. Pastor que mais tempo ficou à frente da paróquia de Santana. Conseguiu uma nova Casa Paroquial com a ajuda de dedicadas senhoras das famílias Cerqueira Lima e Gonçalves de Souza. Além disso, são imensas as marcas deixadas pelo operoso e dinâmico vigário em Itaúna.

Membro do conselho fiscal da Universidade de Itaúna, completou a construção da Igreja da Matriz, terminando o coro, instalando os altares laterais e o púlpito. Assumiu a direção da Escola Normal oficial de Itaúna (Colégio Estadual), em momento de grande crise.  Inspirador da APAC, obra que sempre contou com o trabalho e a dedicação de Waldeci Antônio Ferreira. Ergueu o Centro Comunitário da Paróquia, contando com o patrocínio do senhor Joaquim Soares Nogueira (Quincas), numa homenagem ao seu falecido Cláudio.

Muito pode ser acrescentado à biografia deste notável e humilde homem de Deus. Esta ligeira exposição, ao ensejo dos 160 anos da criação da Paróquia de Sant'Ana, atende apenas ao desejo jornalístico da Tribuna da Imprensa, solidária com as manifestações prestadas no Museu Francisco Manoel Franco, pela comunidade itaunense, a tão grande benfeitor cidadão honorário da terra de Sant'Ana, merecedor do eterno reconhecimento dos barranqueiros do Rio São João Acima.

Padre José Ferreira Netto está na galeria de honra dos mais notáveis itaunenses !

Guaracy de Castro Nogueira






terça-feira, fevereiro 25, 2014

GUARACY DE CASTRO NOGUEIRA

Guaracy de Castro Nogueira

Primeiro dos dois filhos do casal Guarany Nogueira e Maria de Castro Nogueira – Maricas, nasceu a 02 de dezembro de 1927, na cidade de Itaúna, Estado de Minas Gerais. Casou-se  em 20.01.1955 com Yvette Gonçalves, filha de Waldemar Gonçalves de Souza e Arthumira de Oliveira Gonçalves, sendo pais de Rodrigo Otávio (1955), Patrícia (1957), Alexandre José (1959), Eduardo Luiz (1960), Virgínia (1962) e Leonardo (1962) – Gonçalves Nogueira. Faleceu em sua cidade natal nas primeiras horas do dia 17 de setembro de 2011.

Advogado, professor, jornalista, empresário, político. Advogado: Diplomado pela Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais em 1951. Presidente da 34ª Sub-seção da Ordem dos Advogados do Brasil por 34 anos. Magistério: A criação da Universidade de Itaúna foi o marco mais importante de sua atuação. Foi seu primeiro Reitor e, conforme ele mesmo disse, “peguei uma obra na estaca zero, deixei com todos os cursos reconhecidos, com o terreno para o Campus”. 

Durante 18 anos, dedicou-se à Universidade, da qual foi co-fundador e Reitor, até 1983. Professor aposentado depois de 30 anos no magistério estadual, e também lecionando em estabelecimentos de Ensino Médio (Científico, Comercial e Normal), foi professor nas Faculdades de Direito, Economia e Engenharia, em Itaúna, Diretor do Colégio Estadual e Instituidor e Presidente da Fundação Educacional “Maria de Castro Nogueira”, que proporciona cursos da 1ª a 8ª séries. Jornalista: Fundou três jornais na empresa em que trabalhou trinta e oito anos e da qual foi superintendente: Voz Operária, Avante e O Itaunense.  Redator da Folha do Oeste.

Articulista nos jornais O Brexó, Tribunal Itaunense, Gazeta de Itaúna, Integração, Folha do Povo e Itaúna Acontece. Presidente da Rádio Clube de Itaúna por 20 anos. Empresário (indústria): Na Companhia Industrial Itaunense, empresa têxtil e siderúrgica, exerceu, por 38 anos, cargos executivos, chegando a Superintendente do Departamento de Planejamento e Relações Industriais. Foi membro do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), sediado no Rio de Janeiro, integrando as Comissões de Relações Industriais e Comunicação Social. Político: Membro da União Democrática Universitária, na Faculdade de Direito da UFMG. Com atuação sempre na cidsade natal, foi Secretário Geral do PSD, depois Presidente do Diretório da ARENA, vereador mais votado em 1966, Presidente da Câmara Municipal [1967-1970].

Vice-prefeito e Secretário Municipal de Educação. Participação em associações filantrópicas, beneficentes e de serviços: Fundador dos três Rotary de Itaúna, presidente duas vezes e Governador do Rotary Internacional [1984-1985]. Provedor da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira [1963-1966]. Membro do Conselho de Administração do Orfanato São Vicente de Paula, Granja Escola São José e Fundação de Proteção à Maternidade e Infância de Itaúna. Participação em associações culturais e esportivas: Sócio Honorário da Associação Artística Coral Júlia Pardini. Sócio Honorário e Presidente do Automóvel Clube de Itaúna.  Presidente do Universidade Itaúna Futebol Clube. Fundador do Itaúna Tênis Clube.

Sócio Benemérito do Iate Clube de Itaúna e da Associação Atlética Banco do Brasil. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, titular da Cadeira nº 46. Membro do Arquivo Histórico de Pitangui, do Instituto Genealógico Brasileiro, da Arcádia de Minas Gerais, do Arquivo Jurídico e do Instituto Histórico de Pitangui-MG. Associou-se ao Colégio Brasileiro de Genealogia a 19.07.1993.

Títulos, medalhas e condecorações: Diploma de “Mérito Cultural José Maria dos Santos” do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – 1994. Cidadão Honorário de Pitangui – MG. Medalhas: “da Inconfidência”, pelo Governo do Estado de Minas Gerais; “do Mérito Legislativo”, pela Assembléia Legislativa de MG; “de Mérito Industrial”, pela Federação das Indústrias de MG; “da Revolução de Sorocaba de 1842”, pelo Governo do Estado de São Paulo; “Santos Dumont” grau prata em 2002 e grau ouro em 2008, pelo Governo do Estado de Minas Gerais; “João Pinheiro” e “Israel Pinheiro” pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais; “da Universidade Federal de Sergipe”, 1982; “Luís Alves de Lima e Silva”, pelo Exército Brasileiro, Comando da 4ª Divisão; e diversas outras.  Genealogia: iniciou as pesquisas genealógicas em 1948, quando ainda estudante de Direito. Seu foco de atenção era o centro-oeste mineiro. 

 Pesquisou em cartórios e arquivos religiosos em muitas cidades mineiras, dentre as quais Sabará, Mariana, Ouro Preto, Pitangui e Santo Antônio do Monte, onde tinha suas raízes maternas. Associado, conforme citação acima, ao Instituto Genealógico Brasileiro e ao Colégio Brasileiro de Genealogia (1993). Publicou “Os Nogueira de Santana”, monografia, na obra “Efemérides Itaunenses” de João Dornas Filho. Ao falecer, deixou pronta a obra “Genealogia dos Gonçalves de Souza Moreira de Itaúna”. 

Trabalhos publicados: “A Necessidade de novas Universidades em Minas Gerais e sua Interiorização” – 1966; “A Indústria e a Universidade” – 1968; “Itaúna de Amanhã”; “História de Itaúna” – nos anais da Câmara Municipal, 1975; “História da Fundação de Mateus Leme” – nos anais da Câmara Municipal de Martins Leme; “História da Fundação de Bonfim”, no Dicionário Escolar da Prefeitura Municipal de Bonfim; “Centro Oeste-Mineiro: História e Cultura” – 2008; “História de Itaúna”, em 40 fascículos semanais publicados no jornal Folha do Povo.

Publicou trabalhos nas Revistas do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, na Arcádia de Minas Gerais e na Associação Brasileira dos Pesquisadores em História e Genealogia (ASBRAP) de São Paulo. Publicava, semanalmente, no jornal “Folha do Povo”, uma crônica, em coluna sob sua responsabilidade, assuntos educacionais, históricos e políticos.


Fonte: http://www.cbg.org.br/novo/colegio/historia/galeria-socios/guaracy-nogueira/

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

MORRO DE SANTA CRUZ

CAPELA NOSSO SENHOR DO BONFIM

 

Historicamente, foi no ano de 1853, que os barbônios que nesta região estiveram pregando missões alertaram e recomendaram à população itaunense sobre a necessidade de ser construído na cidade de Itaúna a Capela de São Miguel, no interior de um cemitério localizado na região, e também da Capela de Nosso Senhor do Bonfim, no monte ao norte do arraial que naquela época era chamado Morro de Santa Cruz. A capela de São Miguel foi edificada através de doações da comunidade e a de Nosso Senhor do Bonfim foi construída pelo Tenente José Ribeiro Azambuja no mesmo ano de 1853, no morro atualmente conhecido como Morro do Bonfim (antigo Santa Cruz).

Localizada a aproximadamente 25 km do centro da cidade de Itaúna, a Capela do Senhor do Bonfim sempre foi um local de peregrinação religiosa da população do antigo arraial de Itaúna.

A Capela de Nosso Senhor do Bonfim está situada no ponto mais alto da região de Itaúna, ou seja, a 1000m de altitude. Construída em meados do século XIX, em pleno período imperial brasileiro, possui estilo colonial.

O Alto do Bonfim com sua Capela de Nosso Senhor do Bonfim, ilumina do ponto mais alto de uma cidade em pleno desenvolvimento, porém, preocupada em não perder seus marcos históricos, afim de continuar uma cidade com identidade cultural e memória afetiva.

Atualmente, Itaúna, através do Morro do Bonfim integra as 14 (quatorzes) cidades do Circuito dos Bandeirante – Circuito Verde, sendo alvo de iniciativas futuras para viabilização de investimentos em atividades turísticas/religiosas.

Local de tradição das peregrinações religiosas em devoção ao Nosso Senhor do Bonfim, a Capela de mesmo nome, representa para toda a comunidade itaunense um exemplar valioso da arquitetura colonial, tendo a simplicidade de seus traços ainda originais, guardando a identidade religiosa própria de um povo já enraizada na alma popular.

Sua conservação é, portanto, inerente ao anseio da modernidade, pois sobressai a referência cultural da edificação.

A Capela de Nosso Senhor do Bonfim por estar localizada no ponto mais alto da região de Itaúna tem sido estudado a viabilidade de torná-la um ponto turístico religioso, pois o morro do Bonfim oferece todas as condições para tal empreendimento. A 25 km de distância do centro da cidade além da arquitetura colonial da Capela, toda a região é propicia para a exploração turística religiosa e ecológica.

A 25 km de distância do centro da cidade além da arquitetura colonial da Capela, toda a região é propicia para a exploração turística religiosa e ecológica.

O morro do Bonfim oferece uma visão privilegiada podendo a cidade ser vista parcialmente num ângulo fascinante.

 


 Museu Municipal Francisco Manoel Franco

Janete Rodrigues da Silva – Coordenadora

Praça João Pessoa (Praça da Estação), s/nº Centro

Itaúna/Mg  Cep. 35680-059

 

sexta-feira, janeiro 31, 2014

GUERRA DO PARAGUAI

(O Conde d'Eu e Oficiais Brasileiros que participaram da Guerra do Paraguai)


Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai:

Pitangui  &  Itaúna

A Guerra do Paraguai que perdurou de dezembro de 1864 a março de 1870 considerada por muitos um dos maiores genocídios de toda história da América do Sul, foi o fator mais importante na construção da identidade brasileira no século passado.

Superou até mesmo as proclamações da Independência e da República. A Independência provocou forte mobilização em apenas alguns pontos do país.

A força de terra que lutou no Paraguai compunha-se de 135 mil soldados, dos quais 59 mil pertenciam à Guarda Nacional e 55 mil aos corpos de voluntários. Pela primeira vez, brasileiros de todos os quadrantes do país se encontravam, se conheciam, lutavam juntos pela mesma causa.

A coerção destes recrutamentos sobre os voluntários, tornam-se determinante para um estudo do processo da guerra, mas, é preciso distinguir os vários momentos dos conflitos, todavia, à medida que os conflitos se prolongavam, reduzia-se o entusiasmo e surgiam resistências, aumentando, em consequência, os recrutamentos.

O Exército Imperial, em difícil condição para uma guerra nas fronteiras do sul do pais, se viu impossibilitado de sozinho combater o inimigo agressor. Face a debilidade das forças armadas, o Imperador D Pedro II em 7 de janeiro de 1865 pelo decreto n. 3.371 apelaria para o sentimento patriótico do povo brasileiro, criando, para o serviço extraordinário da guerra os batalhões denominados de Voluntários da Pátria, facilmente identificados pela chapa metálica com o escudo imperial levado no braço esquerdo pelos soldados.

 Mas, no momento inicial, houve entusiástica e surpreendente resposta ao apelo do governo. Corpos de voluntários formaram-se em todo o país. Descrições da partida desses voluntários indicam tudo menos coerção. Em Pitangui, interior de Minas, 52 voluntários despediram-se em meio a celebrações religiosas e cívicas a que não faltaram os discursos patrióticos, a execução do Hino Nacional e a entrega solene da bandeira ao primeiro voluntário, feita por uma jovem.  Para os pitanguenses o amor a pátria foi sempre uma religião, que devotadamente cultivavam com afanoso acatamento.

E, por isso, pressurosamente correram ao apelo da pátria ameaçada, e, reunidos, no Paço Municipal, a 2 de Fevereiro do dito ano, criaram a sociedade - Amor da Pátria- cujo fim era reunir e concentrar os recursos dos municípios, afim de que mais eficaz e prontamente pudessem auxiliar o governo imperial no meios de defesa com que o Brasil se deveria prevenir contra as hostilidades que porventura, surgissem da Inglaterra, bom como contra qualquer eventualidade futura.

A comissão conseguiu levantar logo a quantia de 2:110$000 (Dois contos cento e dez mil réis), que posteriormente, foi aplicada às despesas do Estado com a Guerra do Paraguai.

 Em ofício de 3 de Fevereiro de 1865, o Desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite, então Presidente de Minas , dirigindo-se ao Presidente e Secretário da sociedade - Amor da Pátria - cidadãos : Dr. Frederico Augusto Álvares da Silva  e Joaquim Antônio Gomes da Silva Júnior, cientificou-lhes :
- Que autorizado pelo governo  de S.M. o Imperador louvava-os e aceitava a quantia de 2:110$000 (Dois contos cento e dez mil réis) que, como membros da comissão da sociedade - Amor da Pátria - , ofereceram ao mesmo governo para as despesas do Estado .

Na noite de 22 de Março houve uma sessão solene, imponente e majestosa no mesmo Paço Municipal . Era a sessão , em que a sociedade - Amor da Pátria -  , comovida e grata , ia estreitar em saudoso amplexo de despedida os generosos peitos dos Bravos Voluntários de Pitangui. 

Perante a sociedade compareceu a distinta jovem, Dª Rosinha, filha do digno Tesoureiro Tenente Azevedo, empunhando uma rica bandeira , onde em caracteres de ouro, viam se desenhadas as armas do Brasil, a  Corôa Imperial e a Legenda :     "VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA DE PITANGUI"

O Império do Brasil incentivou com promessas o recrutamento de homens, o que funcionou bem nos primeiros tempos, mas não mais teve resposta desejável devido às notícias tristes e desoladoras que vinham dos campos de batalha.

A falta de entusiasmo marcou o recrutamento militar a partir de 1866.  As autoridades sem saber ao certo como deveriam atuar neste sentido seguiram suas intenções e interesses particulares, econômicos ou partidários, dando provas que a ação recrutadora foi um elemento inconstante e fluido, ao sabor da sorte e da boa vontade de seus responsáveis.

Reconhecido pelo jeito “ressabiado” e desconfiado, o mineiro, ao receber essas notícias, sentia temor, e reconhecia nos agentes recrutadores uma ameaça real. Os agentes, por sua vez, tinham o melindroso e arriscado propósito de recrutar as pessoas.

Neste sentido, percebemos que a guerra e sua dinâmica impuseram condições nunca antes vistas: uma relação entre “necessidade e limites”, o que marcou decisivamente aqueles tempos.

Itaúna pertenceu administrativamente ao município de Pitangui, como não podia deixar de ser, deu também os seus voluntários para a Guerra do Paraguai.

Segundo nos informa o historiador Dornas Filho, já se sabia  como era feito esse voluntariado "sui-generis" : o cidadão era preso pelas autoridades encarregadas do serviço e, se não merecesse confiança, era metido a ferros e conduzido à Pitangui, sede do recrutamento da zona.

Muitos conseguiram fugir ao recrutamento, como se deu com Evaristo Cunha , que se escondeu, durante muitos dias, na capela do Senhor do Bonfim; outros não.  O voluntário José Alves Galdino foi preso pelos chimangos (o partido liberal que estava no poder) e conduzido para Pitangui; mas , informa a tradição, que, em lá chegando, usou de um recurso extremo : atochou-se com uma bucha de alho, e febril, foi considerado incapaz. Regressou à Sant'Ana (Itaúna) , onde faleceu pouco depois, em consequência desse estratagema ...

Outros, entretanto, seguiram para o teatro da luta e prestaram serviços até o fim.  São eles :
O Sargento Basílio Domingues Maia, conhecido pela alcunha de Bá ; o Furriel Joaquim Mariano Villas Boas e o mestre Januário, o Caraco, professor de primeiras letras, que dava aula envergando o uniforme. E este foi o único recompensado , com essa cadeira de mestre escola, pois os outros morreram em extrema miséria, desamparados pela Pátria, que serviram com heroísmo e desinteresse.

Essa complexidade pode ser vista num oficio enviado para o presidente da província de Minas Gerais pelo Comandante Superior de Pitangui no dia 23 de Novembro de 1866, em que esta autoridade reclamava do total descaso para com as ordens do recrutamento:

”Com pesar levo a presença de V. Exa que os Guardas designados no 12° batalhão para o serviço da guerra não  aquartelarão se hontem, como havia sido ordenado ao Chefe do mesmo Corpo. Esta falta não he so filha do desamino, do terror, e da repugnância que se nota nos Guardas Nacionaes para o serviço de guerra; he talves antes devida a froxidão dos officiais, que apesar das mais terminantes ordens, não tem elles comprehendido nossa situação e a responsabilidade que nos cabe.

He ella sem duvida ainda a falta de interesse, a indiferença com que as autoridades policiais tem encarado este tão importante serviço, e para provar que digo refiro o ultimamente passado com o Delegado de Policia deste Termo João Evangelista de Oliveira a quem communicando eu hontem a participação que me fes o Alferes Commandante do Destacamento que constava lhe haverem grupos de povo armado nos subúrbios da Cidade para opporem embaraços a prisão dos designados nenhuma providencia me consta fosse tomada, nem ao menos se dignou aquella autoridade responder o meo officio.

 Assim he que contando os designados com a froxidão da Policia, com a dos officiaes facilmente se negão ao cumprimento de seos deveres. Fiz já extrair a relação dos designados, remettia ao Delegado de Policia de quem solicitei a prisão, e ordenei terminantemente ao Chefe d’aquele Batalhão que debaixo de sua responsabilidade os fisesse imediatamente prender, empregando para isso a força destacada."

Ofícios e mais atos do Governo sobre o recrutamento 1867-1868. SP-1272. Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra. 10 de junho de 1867. APM

Ao examinar o recrutamento dos guardas nacionais, essas questões são latentes, isso por que a Guarda Nacional era composta, em tese, por homens de bem e com renda, e por essa razão a possibilidade de estarem na relação de protegidos das autoridades era maior. Da cidade do Serro, um agente recrutador noticia ao presidente da província das dificuldades do recrutamento e revela que certas autoridades daquela região se comportaram de maneira contrária aos interesses do governo desestabilizando o envio dos guardas nacionais:

"Faço os exforços humanamente possíveis afim de que o contingente de Guardas Nacionais que tem de dar este Commando Superior esteja na Corte ate meados de Dezembro próximo, como exige o Governo e recomenda V. Exa no officio de 13 do passado: entretanto releve V. Exa que eu ainda um vez insite pelas medidas, que por varias tenho representado em favor do serviço publico e da Guarda Nacional sob meu Commando.

 Aguardo o ultimação das designações para longa e succintantemente expor a V. Exa o inqualificável comportamento de alguns Chefes de Corpos e officiaes, que regando-se aos mais insignificantes serviços trouxerão sérios embaraços ao prompto e necessário expediente."

 Ofícios e mais papeis dirigidos ao Governo sobre a força pública (Novembro-Dezembro de 1866). SP-1145. Cidade de Pitangui 23 de Novembro de 1866. APM.

Dessa maneira, a crise na prestação militar gerada pela necessidade da guerra acirrou ainda mais as relações entre as partes envolvidas. Fugas, desaparecimento para as matas, inúmeros pedidos de isenção e o desentendimento das próprias autoridades propiciaram o descontrole do objetivo proposto: o esforço para se fazer a campanha.

Os voluntários da pátria passaram a contar com recrutamento forçado, instituído por chefes políticos locais e a oficiais da Guarda Nacional, que obrigavam o alistamento de seus opositores. Cada província foi solicitada prover, no mínimo, 1% da sua população .

Quem estivesse cambaleando em alguma esquina poderia levar uma repentina paulada na cabeça, e acordar com uma espingarda na mão, a caminho da guerra.

De qualquer forma, havia várias formas de se escapar da convocação: os aquinhoados faziam doações de recursos, equipamentos, escravos e empregados para lutarem em seu lugar; os de menos posses alistavam seus parentes, filhos, sobrinhos ou agregados; aos despossuídos só restava a fuga para o mato.

O uso de escravos para lutar em nome de seus proprietários virou prática corrente. Estima-se que mais de 20 mil escravos tenham lutado na Guerra do Paraguai. O número representa cerca de 16% dos soldados brasileiros.

Além disso, sociedades patrióticas, conventos e o governo passaram a comprar escravos para lutarem na guerra. O império prometendo alforria para os que se apresentassem para a guerra, fazendo vista grossa para os escravos fugidos.

É inegável a força da guerra como elemento de formação da identidade brasileira . Mas é de lamentar que, além dos milhares de mortos, o processo tenha custado ainda o preço da desumanização do outro .


O Imperador Pedro II, chamado de o "Voluntário Número Um", transferiu-se pessoalmente à frente de batalha.

De 7 de Fevereiro a 21 de Março de 1865 
Foram estes os primeiros 52 Voluntários a inscreverem -se :

1- Antônio da Silva Barbosa
2 - Antônio Gonçalves dos Reis
3 - Antônio José Corrêa
4 - Antônio José Patrício
5 - Antônio Luiz Fagundes
6 - Antônio Rodrigues de Souza
7 - Antônio Silvério da Fonseca
8 - Antonio Silvério Dantas Pintor
9 -Braz Xavier da Silva
10 - Claudino José da Silva
11 - Domingos Martins da Silva
12 - Estácio José da Silva
13 - Fidelis Cláudio Maciel
14 - Florêncio José de Andrade
15 - Fortunato José Gonçalves
16 - Francellino José Gonçalves
17 - Francisco Antonio da Silva
18 - Francisco da Silva Dantas
19 -Francisco Assis Pereira da Fonseca
20 - Francisco de Paula
21 - Francisco Ferreira da Silva
22 - Francisco Gomes da Conceição
23 - Francisco Marinho
24 - Francisco Moreira da Silva
25 - Guilherme da Silva Capanema
26 - Herculano Xavier Rabello
27 - Ignácio Joaquim Bahia da Cunha
28 - Jacintho Pereira da Silva
29 - Jacintho Pereira Guimarães
30 - João dos Santos Mascarenhas
31 - João Farnape de Freitas Mourão
32 - João José de Souza
33 - João José Patrício
34 - João Soares de Freitas Mourão
35 - Joaquim José Ferreira
36 - Joaquim Pereira de Castro
37 - José Agostinho Pereira
38 - José Bahia da Rocha
39 - José Bernadino Fernandes Gama
40 - José da Silva Gomes
41- José Faustino Rodrigues Zica
42 - José Ferreira Rattes
43 - Ludovino Gonçalves Pinto
44 - Manoel Ferreira Coelho
45 - Manoel Gonçalves dos Santos
46 - Manoel José da Silva
47 - Manoel Ricardo Fernandes
48 - Marcellino Pedro Addade
49 - Moysés Antonio Pereira
50 - Olympio José da Silva
51 - Sebastião Alves Coelho
52 - Theóphilo Martins Ferreira





GUERRA DO PRATA



Fontes :
Pesquisa: Charles Aquino
Escavações ou Apontamentos Históricos da Cidade Pitanguy(Joaquim Antônio Gomes da Silva-1902)
Arquivo Público Mineiro
A Dinâmica do Recrutamento Militar na Província de Minas Gerais
Mobilização , Conflito e Resistência durante a Guerra do Paraguai   1865-1870
(César Eugênio Macedo de Almeida Martins)
Guerra superou a Independência e a República (José Murilo de Carvalho & Pedro Paulo Soares)
Hemeroteca Digital Brasileira
Arquivo do Senado Federal
Itaúna - Contribuição Para a História do Município  - Ano 1936 (João Dornas Filho)
Coleção de Leis do Império do Brasil