segunda-feira, abril 10, 2017

ARTHUZINHO E OS PATOS



Arthur Contagem Vilaça era um grande homem e um homem grande. Bom administrador, bom marido, bom pai, bom prefeito e bom cristão. Foi prefeito de Itaúna nos anos quarenta do século passado. Fazendeiro, morava na cidade num casarão com coqueiros na frente, do lado oposto da igreja Matriz de Sant'Ana. De seu tempo, na praça dr. Augusto Gonçalves, restam apenas as duas velhas " Caesalpinia férreas" em frente ao Fórum. Nada mais.

 Bondoso, grande, claro e de cabelos claros, tinha a fazenda cortada pelos trilhos da antiga Rede Mineira de Viação. Abrigava em duas terras um rapaz esperto de nome Artur, conhecido como Arturzinho. Esperto, sempre de chapéu na cabeça, de voz esganiçada, pouco trabalhava. Vinha sempre a cidade. Era conhecido. Quase um tipo popular. Se as crianças o remedavam, respondia sempre com um palavrão. No mais, era inofensivo.

Na mesma fazenda tinha uma lagoa e muitos patos. Uma festa para o rapazinho. De tarde apresentava-se ao patrão e trazia sempre a mesma notícia Sô Arthu, a máquina do trem matô um pato!!!

Seu Arthur Vilaça respondia com bonomia:  matou Arturzinho? Dá para aproveitar alguma coisa?   Poquim Sô Arthur !! Respondia o patrão: então aproveita o que der e coma!

A história se repetia dia após dia. O rapazinho esperto comia pato todo dia. O patrão sabia da "mutreta" e fazia vista grossa. Até que um dia, por motivo de manutenção nos trilhos o trem não passou. Arturzinho desavisado veio com a mesma cantilena Sô Arthur, dá licença. A máquina matô um pato!!  

 Ao que o patrão retrucou: como Artur? Hoje não passou trem?

 Ao que o Arturzinho não se dando por vencido retrucou: não Sô Arthur: o pato morreu afogado!!!!

Seu Arthur Vilaça espantada pergunta ao esperto. Como? Pato morrer afogado?

Resposta pronta do comedor de patos: Sim verdade Sô Arthur. Eu ajudei ele com uma paulada!!!!!





*Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. "Causo" enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 24/03/2017.

ACERVO FOTOGRÁFICO:  Instituto Cultural Maria Castro Nogueira/ Patrícia Gonçalves Nogueira / Guaracy de Castro Nogueira (in memoriam).


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