sábado, fevereiro 10, 2018

SANTANENSE: CUMPADRES DE PESCARIA

Quem viveu em Santanense nos anos sessenta e setenta do século passado, vai se lembrar deles. O Tinho era raspador de tacos e aplicador de Sinteco. Tinha um papo de dar inveja e não gostava de ser chamado de papudo. Seu compadre, Trumbica era seu fiel companheiro de pescaria. Era bom cozinheiro, apesar de inimigo da higiene. Tido e havido como o cozinheiro mais porco da cidade.
Bebiam muito. As cachaças daquela época eram boas. Princesinha, Cabecinha no ombro e Marieta. A melhor de todas.
A conselho médico, resolveram deixar a pinga. Era difícil largar a " marvada", principalmente nas pescarias. Passaram um mês sem pescar e sem beber. Extremo sacrifício!!! Em conversa de fim de tarde, matutaram e chegaram a uma conclusão: o médico mandara parar com a pinga. Não proibira as pescarias. Matutado e concluído. Iriam pescar no próximo feriado.
O Tinho ficou responsável pelas tralhas da pesca. Ao Trumbica coube a preparação dos " petrechos" da cozinha e o sortimento. No dia marcado, Tinho com a "trenhera" arrumada, foi se encontrar com o Trumbica. O cozinheiro estava com tudo ajeitado. Panela, caçarola, frigideira, facas, garfo faca, colher e canecas de folha. No meio das coisas, duas garrafas de Marieta.
Tinho estranhou as garrafas e indagou ao compadre: “está tudo muito bom. Arroz, feijão, farinha alho, sal cebola e farinha. Só não entendi a pinga. Nois num paramo de bebe?
Trumbica respondeu prontamente: paramo sim compadre. As pinga vão como remédio. Magina se uma cobra morde nois? Sem pinga pra derreter o veneno é morte certa.
Explicação dada, o Tinho teve sua atenção despertada para um balaio redondo bem tampado e amarrado com barbante.
Perguntou ao compadre: " é esse balaio pra que serve compadre?  Ao que o Trumbica respondeu prontamente: " é uma cobra cascavel. Pru mode nois num encontra nenhuma cobra por lá !!!!!!!

Para animar o carnaval! Um abraço, Urtigão.


Texto: Urtigão (nascido em Rio Piracicaba desde de 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 08/02/2018.
Acervo: Shorpy


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