quinta-feira, abril 27, 2017

O PADRE, O DIABO E O VEADO

Em pesquisas sobre a cultura popular, especialmente em Minas, o historiador itaunense João Dornas Filho, nos fornece estudos sobre a natureza das lendas e sua popularização. O historiador destaca que, o Diabo, por ser peça relevante no imaginário de um povo, não deixaria de figurar na demologia brasileira. 
Dornas informa que o Diabo no lendário do povo português é encarnado por vários nomes:
Diabrete, Diacho, Danho, Dialho, Decho, Demo, Demonho, Demontes, Satanás, Mafarrico, o Inimigo, O Inimibo-mau, o Porco-sujo, Barzabu, Barzabum, Veneno, Bicho-feio, o Calheiro, o Previnco, o da Carapuça Vermelha, o Trasgo, o Manquito, O Zangão, o Cão-tinhoso, o Pedro Malazartes, o Pecado e o Ferrapeiro. No Brasil, há outros nomes: Cachia, o Capiroto, o Famalial, o Capeta, entre outros.  A palavra Capeta é tida como brasileiríssima e que ficou “tradicionalmente representado por um homem de capa preta, donde, possivelmente, a expressão “o homem de capa preta”, ou abreviadamente “o capeta” (DORNAS, 182).

No início do século XIX, um padre apóstata do arraial de Sant’Ana de São João Acima, hoje Itaúna, apareceu sob forma de um veado.
Na paróquia de Sant'Ana havia o pároco, o Revdº Antônio Maximiano de Campos e o padre Delfino José Rodrigues.  Certa certa vez, o padre Delfino saiu para caçar em companhia de seus cães em um domingo pela manhã. Os caçadores correram toda manhã atrás do veado, todavia, o animal não deixava rastro e os farejadores começaram a cansar.
No meio do matagal já desiludido e rezando algumas Ave-marias para São Longuinho, o padre já dava por perdido à caça ao Demonho, todavia, eis que surge o Mafarrico ao alcance da mira da espingarda do padre Delfino. O atirador não pensou duas vezes, apertou o gatilho o mais rápido possível — click, click, click, a espingarda negou o maldito fogo e o veado fugiu!!!
Ao examinar novamente a arma, o padre Delfino verificou que, “a escova estava umedecida por líquido catinguento, que não podia deixar de ser mijo do Diabo”. 


Referência: FILHO, João Dornas. Achegas de etnografia e folclore. Imprensa Publicações. Belo Horizonte,1972, p.194.
Pesquisa e elaboração: Charles Aquino, graduando em História 7º período, UEMG/Divinópolis.
Acervo: Figura meramente ilustrativa da internet. 

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