quinta-feira, maio 25, 2017

JOSÉ LUIZ GONÇALVES GUIMARÃES

          
Notável professor e brilhante Advogado itaunense

Nascido em Itaúna a 26 de abril de 1920, filho de José Lima Guimarães e de dª Isaura Gonçalves Guimarães, tem no sangue a herança lusitana da cidadela onde nasceu Portugal (Guimarães), caldeado nas paragens mineiras de seu ilustre parente escritor Guimarães Rosa, das bandas de Cordisburgo. Também a herança dos barranqueiros do Douro, lá do Porto, em Penafiel, de onde vieram os Souzas Moreiras que encontraram os Gonçalves Cançado, das bandas da Velha Serrana, onde se forjou, na têmpera das lutas forenses e no choque das pelejas políticas, o valoroso líder dr. José Gonçalves de Souza, seu avô, dos mais notáveis desta família que comandou, por anos e anos, os destinos de Pitangui e Itaúna.

         Casou-se com a escritora, jornalista e poeta Carmen Schneider Guimarães e o casal tem cinco filhos. Completou o curso primário nos grupos escolares “dr. Augusto Gonçalves” de Itaúna e “Francisco Botelho” de Pitangui. No secundário, passou pelos colégios Arnaldo e Arquidiocesano, este de Ouro Preto, no qual foi um dos fundadores do Grêmio “Tristão de Athayde”, seu primeiro secretário e orador. Terminou o ginásio no Colégio Santo Agostinho, em 1 940, como orador da turma. Durante dois anos, esteve no curso prejurídico da Faculdade de Direito da UFMG, tendo sido aprovado no vestibular. Em 1947, bacharelou-se na mesma Faculdade como um de seus melhores alunos.

         Em 1941, ingressou no CPOR de onde saiu em 1943 como Aspirante a Oficial do Exército Brasileiro. Foi incorporado ao 3.º Batalhão de Caçadores do 1.º Exército, em Vila Velha, aí conquistou sua esposa em terras capixabas. Cumpriu missões de vigilância no litoral brasileiro, durante a 2.ª Grande Guerra Mundial, pelo que foi considerado ex-combatente pelo Ministério do Exército. Em 1947 foi promovido a 2.º Tenente da Arma de Infantaria.

         Em 1942, com o diploma de Proficiência em Língua Inglesa, obtido com distinção, conferido após a provação no curso de Literatura Inglesa, tornou-se professor dessa língua em colégios de Belo Horizonte e, posteriormente, de Itaúna. Aqui, por concurso, ingressou no magistério do Colégio Estadual, tendo lecionado nos cursos ginasial e científico. Lecionou Português, História Geral no Colégio Santana. Em sua Academia de Comércio, Prática Jurídico-Comercial e Economia Política.

         Fez na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da UFMG o curso de Línguas Anglo-Saxônicas. Ele tem sido, ao longo de sua vida, notável advogado e professor. Foi, no exercício da profissão liberal, consultor jurídico das Companhias Tecidos Santanense e Industrial Itaunense, bem como da Prefeitura de Itaúna, nos mandatos dos prefeitos Vítor Gonçalves, Milton Penido, Jadir Marinho e Antônio Dornas. Prestou relevantes serviços à Fundição Corradi e à extinta Aços Laminados-Alaíta. Consultor-Chefe do Serviço Jurídico do Banco do Estado de Minas Gerais, e posteriormente, Chefe da Consultoria Jurídica da mesma Instituição Financeira até aposentar-se em dezembro de 1996.

         Fundou a Companhia Telefônica de Itaúna e foi seu Diretor Presidente de 1956 a 1975, tendo exercido o cargo de Diretor Secretário da Empresa Telecomunicações do Centro do Brasil – TELECENTRO.

         Com a criação da Universidade de Itaúna, nela prestou os mais valiosos serviços, tendo sido o grande articulador para a compra do primeiro prédio e seu terreno, onde se instalou a Faculdade de Direito. Trabalhou, no início, dois anos em cargos executivos sem receber qualquer remuneração. Vice-diretor da Faculdade de Direito, professor titular da Cadeira de Direito Penal, Diretor da Faculdade em dois períodos, por 13 anos. Conseqüentemente membro efetivo do Conselho Universitário da Universidade.

         Participou da vida pública municipal, integrando os quadros do PSD e da ARENA. Disputou em 1966 uma cadeira de deputado só não se elegendo porque outro candidato local, seu parente, de outro escritório de advocacia, participou da disputa, não se elegendo, mas tirando-lhe preciosos votos. Tornou-se Suplente de Deputado Estadual. Teve ativa participação em todas as atividades comunitárias e sociais de Itaúna.

Nomeado Diretor do Ensino Superior da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, integrou o Grupo de Trabalho para a elaboração do Plano Mineiro de Educação e, por ordem do Secretário, Dr. Eugênio Klein Dutra, elaborou o Projeto de Fundação da Universidade Estadual de Minas Gerais. Foi Assessor Jurídico da mesma Secretaria, em 1979.

Conselheiro Auxiliar da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Minas Gerais, participou da Comissão de Estudos do Anteprojeto do Código Penal, na parte relativa à Liberdade Condicional e Unificação da Pena.

         É oportuno salientar que de outubro de 1949 a dezembro de 1975, com escritório em Itaúna, exerceu a advocacia nas Comarcas de Itaúna, Divinópolis, Belo Horizonte, Bom Despacho, Carmo do Cajuru, Itaguara, Cláudio, Formiga, Lavras, Oliveira, Santo Antônio do Monte, Mateus Leme, Betim, Pará de Minas, Abaeté, Dores do Indaiá, Passos, Patos de Minas, Pitangui, Lagoa da Prata e outras comarcas do interior do Estado.

 De 1975 a 1997, como advogado de causas em Belo Horizonte, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Santos, Salvador e outras comarcas a serviço do Banco de Estado de Minas Gerais. Por contratos particulares, em Montes Claros, Sete Lagoas, Nanuque, Governador Valadares, Teófilo Otoni e outras.

         Defendeu perante a Assembléia Legislativa de Minas Gerais, com grande repercussão política, o Deputado Jorge Orlando Flores Carone, em processo de cassação de mandato, logrando pleno êxito.

         Em 1991, recebeu, como ato de inteira justiça, o título de “Professor Emérito” da Faculdade de Direito da Universidade de Itaúna, em sessão solene, pela distinção e proficiência com que sempre se houve no exercício do Magistério Superior. Dr. José Luiz Gonçalves Guimarães não se cansa de repetir que este honroso título é o de que mais se orgulha, dentre todos que logrou com seu trabalho.

         Este brilhante orador, principalmente no júri popular e nas tribunas políticas é um colecionador de dezenas de certificados e diplomas. Jornalista, enriqueceu os jornais itaunenses com saborosas e notáveis crônicas. É autor de vários contos publicados em revistas culturais. Notável seu livro “Canto da Amazônia – Vida e Morte da Floresta”, lançado com enorme sucesso na Academia Mineira de Letras. Em fase de revisão há um livro “14 contos”; outro, “Poesia” e no prelo: “A Lei do Transplante e o Avanço da Ciência e da Medicina”.

         Esta, em linhas gerais, de forma sucinta, a vida do ilustre itaunense, notável professor e brilhante advogado!



Texto: Guaracy de Castro NOGUEIRA (In Memoriam)
Pesquisa e Organização: Charles Aquino
Acervo Fotográfico: Escola Estadual Ana Cintra.

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