Na
freguesia de Sant'Ana do Rio São João Acima, hoje Itaúna, aproximadamente final do século XIX, existiram por muitos anos moinhos d’água que ficavam às margens
do rio São João. O historiador itaunense João Dornas Filho, elenca que, “era uma série de casinhas, cerca de vinte,
onde se moía, o milho para o fubá de angu” e o memorialista Osório Fagundes, informa que, “de longe pareciam um bando de garças sobre
as águas do açude”!
O
moinho hidráulico de herança europeia, das quais, suas origens alçam ao período
helenístico pelo mundo mediterrânico, segundo nos informa o professor Francisco
de Carvalho, foi um importante marco nas paisagens rurais do Brasil, seja em
grandes fazendas ou em pequenos sítios. No Brasil, a partir do século XVII, irão
aparecer registros de moinhos hidráulicos nas colônias, surgindo a fabricação
em maior escala, entre o final do século XVIII e início do século XIX devido a
importância do milho no sistema de transporte do país que possibilitava a
alimentação de pessoas e de animais domésticos.
Entre esses períodos, existiram alguns tipos de moinhos movidos pela energia cinética
das águas: Os Moinhos de Água ou de Azenha, que eram movidos por uma roda
d´água vertical, mais comuns na região sul do país e os Moinhos Horizontais,
conhecidos também como Moinhos de Rodízio, mais comuns nas regiões do
centro-oeste e sudeste, tendo como fato excêntrico do século XVIII, a existência de um moinho
de vento na cidade de Ouro Preto, hoje, um patrimônio cultural e natural protegido.
E foi a partir da grande abundância de águas nos riachos e ribeirões do nosso Planalto Brasileiro, que possibilitou a instalação e o funcionamento de vários moinhos em um mesmo local, conseguindo utilizar a mesma leva d’água.
E foi a partir da grande abundância de águas nos riachos e ribeirões do nosso Planalto Brasileiro, que possibilitou a instalação e o funcionamento de vários moinhos em um mesmo local, conseguindo utilizar a mesma leva d’água.
Discorrendo
sobre o funcionamento do moinho de fubá (horizontal ou de rodízio), o
carpinteiro, Antônio Barcelos, funcionário da fazenda Ponte Alta do município
de Pitangui/MG, explica o funcionamento: seria importante construir
uma represa que irá acumular água, ou então, construir um açude, que neste caso,
o curso da água poderá ser mudado através de bicas, geralmente feitas de
madeira.
Chegando o volume d´água até ao moinho, a roda horizontal ou rodízio, irá acionar um eixo vertical que estará atrelado ao Mó de Baixo, o qual, o Mó de Cima irá girar triturando os grãos de milhos.
Chegando o volume d´água até ao moinho, a roda horizontal ou rodízio, irá acionar um eixo vertical que estará atrelado ao Mó de Baixo, o qual, o Mó de Cima irá girar triturando os grãos de milhos.
Abaixo o professor Francisco de Carvalho faz
um desenho das peças de um moinho de fubá horizontal.
O Almanak Administrativo, Civil e Industrial da província de Minas Gerais (1875),
organizado por Antônio Assis Martins, traz informações sobre Itaúna, o qual, era distrito pertencendo administrativamente a Villa do Pará, hoje Pará de Minas, da comarca de Pitangui, com as seguintes informações: quatro Juízes de
Paz; 1 Escrivão; 1 Subdelegado; 3 Suplentes; 1 Pároco; 1 Delegado da Instrução Escolar;
1 Professor Escolar; 3 Inspetores de Quarteirão; 5 Oficiais de Justiça; 1
Padre; 1 Boticário; 1 Capitalista; 5 Negociantes de Fazendas; 5 Ditos de
Molhados; 9 Tropeiros; 5 Possuidores de Engenho de Cana; 33 Cultivadores de
Gêneros Alimentícios; 1 Entalhador; 2 Carpinteiros, 1 Forneiro; 3 Ferreiros; 2
Oleiros; 2 Pedreiros; 2 Fabricantes de Arreios; 3 Alfaiates; 1 Caldeireiro e 2
Estalajadeiros.
Da
listagem acima, dos 33 Cultivadores de
Gêneros Alimentícios, Serafim Caetano Moreira, seria um dos comerciantes
atuantes em Itaúna. Segundo o historiador João Dornas, o primeiro moinho
construído na cidade, teria sido o do senhor Serafim, aproximadamente no ano de
1880 e junto desse, foram sendo construídos muitos mais, tendo uma impressão
excêntrica de aldeia lacustre. O historiador informa que:
Esses moinhos foram causa de muita
briga e muito motim, pois se atribuía ao açude que os movia uma febre maligna
no local. Várias vezes os povos se
reuniram, como em 1910 para arrombar o açude, obrigando os seus proprietários e
as autoridades a pegarem em armas para defender a s suas propriedades.
Nestes últimos anos, depois que a
cidade foi abastecida de força elétrica, esses moinhos foram caindo em ruínas e
desaparecendo. E a grande enchente de abril de 1926, a maior que se tem na
memória em Itaúna, destruiu o restante dessa pitoresca lembrança de Sant´Ana de
São João Acima ... (DORNAS, 1936).
REFERÊNCIAS:
FILHO, João Dornas.
Itaúna: Contribuição para a História do Município, 1936, p.95 a 97.
FAGUNDES, Osório Martins.
Fragmentos de um Passado, 1977, p.624.
ANDRADE de, Francisco de
Carvalho Dias. A presença dos moinhos hidráulicos no Brasil. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142015000100133 .Acesso
em: 30/01/2018
ALMANAK: Administrativo,
Civil e Industrial da Província de Minas Geraes, 1875, p.396,397,398.
GOMES, Carla Neves Almeida. MORRO DA QUEIMADA – OURO PRETO: os benefícios da categorização paisagem cultural para sua gestão. Disponível em: http://www.forumpatrimonio.com.br/paisagem2014/artigos/pdf/141.pdf . Acesso em: 30/01/2018
GOMES, Carla Neves Almeida. MORRO DA QUEIMADA – OURO PRETO: os benefícios da categorização paisagem cultural para sua gestão. Disponível em: http://www.forumpatrimonio.com.br/paisagem2014/artigos/pdf/141.pdf . Acesso em: 30/01/2018
Pesquisa, organização e
acervo: Charles Galvão de Aquino. Pós -Graduando em História e Cultura no Brasil Contemporâneo - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Acervo: Francisco de
Carvalho Dias de Andrade.
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