sexta-feira, janeiro 18, 2013

FESTA SÃO SEBASTIÃO

PARÓQUIA DE SANT'ANA
“Esquecida pelos sucessores de Pe. José Netto”
Nas décadas de 50, 60 e parte de 70, quando se aproximava o mês de janeiro os fiéis ficavam ansiosos para que a Paróquia divulgasse a programação das festas dedicadas a São Sebastião. Embora não seja padroeiro de Itaúna, era uma das mais tradicionais festas católicas da Paróquia. O dia dedicado a São Sebastião é o dia 20 de janeiro. Se em determinado ano este dia caia num dia de trabalho (segunda a sábado), a festa era adiada para o primeiro domingo seguinte. Foi exatamente o que aconteceu em 1967, quando o dia 20 caiu numa sexta-feira e adiou-se, então, para o dia 22. (Guardo bem este ano porque considero o mais triste de toda a minha existência. Mamãe juntamente com minhas duas irmãs mais novas retornou para casa após a procissão e, chegando a casa, mamãe sentou-se na cama, caiu de costas e 2 horas depois estava morta, aos 47 anos incompletos).
As festividades dedicadas s a São Sebastião consistiam do seguinte: alguns dias antes o Pe. José Netto nomeava uma Comissão que ele chamava de Festeiros. Cada pessoa tinha um determinado encargo: conseguir doações no comércio, obter prendas e brindas para serem leiloadas nas barraquinhas e gado, junto aos fazendeiros, para ser leiloado no dia da Festa. Durante oito dias antes do dia marcado para a comemoração, havia a Novena. Todos os dias a Igreja Matriz de SANT’ANA ficava cheia de fiéis. A celebração era iniciada às 19 horas, com a exposição de adoração ao Santíssimo Sacramento. Feitas as orações de praxe, em seguida o Coro Santa Cecília (vozes e instrumentos) cantava a Ladainha de Todos os Santos. Terminada a Ladainha, o Pe. José tomava o Santíssimo para a benção.
Neste momento o Coro (falarei sobre o ele em outra ocasião) voltava a cantar o “Tantum Ergo” e o Pe. José dava a Benção do Santíssimo, com a Igreja impregnada pelo celestial perfume do incenso, criando um ambiente de profunda religiosidade e adoração. Por várias vezes vi pessoas chorando copiosamente de emoção. Ressalte-se que tudo era celebrado em Latim e os fiéis, mesmo não entendendo o que o Celebrante dizia, se emocionavam profundamente. Terminada a cerimônia, o povo saía e do lado de fora da Matriz estavam instaladas as barraquinhas, já com muita gente aguardando. Várias barraquinhas com as mesas cheias de prendas e presentes. Lembro-me bem de duas pessoas: Sr. Otávio de Brito, leiloeiro e que não media esforços para vender o máximo possível e o Marcelo de Faria Matos, o nosso Mineirinho, acompanhado de sua esposa Didi, com seu globinho de jogo chamado Taqui.
Dentro do pequeno globo estavam as bolinhas correspondentes às letras do alfabeto da língua portuguesa. Vendiam-se as folhinhas dos talões, cada uma contendo uma combinação de cinco letras. Marcelo ia rodando e tirando as bolinhas do taqui e quem acertasse primeiro as cinco letras gritava “taqui” e ganhava um prêmio . Havia outros leiloeiros, mas infelizmente minha memória me trai, pois era ainda muito jovem, e não consigo me lembrar. A todos a nossa homenagem. Este ritual se repetia durante os oito dias seguintes. No dia programado para a celebração em honra a São Sebastião, sempre num domingo, havia missa normalmente pela manhã. Depois da missa, em um curral improvisado na Praça Dr. Augusto Gonçalves, acontecia o leilão do gado doado pelos fazendeiros. À noite, às 19 horas havia a procissão solene de encerramento, seguida da Missa também solene e as festividades eram encerradas com a benção do Santíssimo Sacramento.
Na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, a festa continuou sendo realizada, especialmente quando o Pe. Luiz Turkenburg era o pároco. A diferença é que era sempre realizada numa das fazendas próximas de Itaúna. Criado o Bairro Morro do Engenho, São Sebastião foi escolhido como Padroeiro. A Igreja do Bairro, pertencente à Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, celebra todos os anos a Festa de seu Padroeiro. Meu pai, (Sebastião, pois minha avó Elvira era devota do Santo) falecido há cinco anos, com oitenta e sete de idade, sempre dizia: “foi uma pena terem acabado com a Festa de São Sebastião aqui no centro, pois eu a frequentava desde criança e mais tarde como adulto, participando da Banda de Música e do Coro (clarinetista) que tocava durante as cerimônias”.
Qualquer paroquiano de Sant’Ana com mais de cinquenta anos de idade deverá se lembrar desta festa. Segundo Santo Ambrósio, Sebastião nasceu em meados do século III em Pretória, na Itália. De família nobre, alistou-se no Exército Romano, chegando ao posto de Capitão da Guarda Pretoriana do Imperador Diocleciano.  Convertido ao cristianismo, conseguiu converter também até Cromácio, governador de Roma e também seu filho Tibúrcio. Descoberto que era cristão, foi chamado diante do Imperador e ordenado que renegasse o cristianismo. Negando-se a tal atitude, foi condenado à morte pelo próprio Imperador.
São Sebastião é invocado contra pestes, fome e guerras — ROGAI POR NÓS.

Juarez Nogueira Franco

ACERVO: Gravura existente no espólio da Biblioteca Nacional de Lisboa que deu origem à pintura a óleo existente num altar lateral da igreja matriz de Aljezur.
ORGANIZAÇÃO: Charles Aquino
"Sim baixaste lá do céu"
Memórias Sonoras e Afetivas

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